O que é e onde é o Maciço do Gericinó-Mendanha?
O maciço de Gericinó-Mendanha é um dos três
grupos de maciços costeiros localizados no Município do Rio de Janeiro. A
unidade geomorfológica é conhecida por possuir características a própria Mata
atlântica original, abrigando espécies ameaçadas de extinção e o vulcão extinto
da era cenozoica período terciário. É constituído,
de modo geral, por gnaisses, cortados por veios e diques de fonolito;
encontramos também vários afloramentos de rochas alcalinas: sienito,
nefelínicos e foiaito; principalmente no Morro do Marapicu.
Grande parte do Gericinó pertence à era
Cenozóica do período Terciário, com aproximadamente 500 milhões de anos. Em
1977, os geólogos André Calixto Vieira e Victor de Carvalho Klein desenvolveram
estudos sobre a geologia do Estado do Rio pela UFRRJ e, analisando fotos aéreas
de Nova Iguaçu, constataram ocorrências de rochas vulcânicas que, dispostas de
forma circular, cobriam uma extensa área da Serra de Madureira, no Maciço do
Gericinó. O duto vulcânico está localizado no extremo norte da Serra de
Madureira. O material expelido pelo vulcão extinto há aproximadamente 40 milhões
de anos é encontrado espalhado até as proximidades de Mesquita e no Parque
Municipal de Nova Iguaçu.
A iniciativa governamental de proteção do
Maciço do Gericinó iniciou-se no final da década de 1930, na transformação de
grande parte das áreas de remanescentes florestais em topos de morros, encostas
e fundos de vales situados em terrenos da União, sob o domínio do Ministério do
Exército. Atualmente, consta com
diferentes unidades de conservação, como é o caso do Parque Estadual do
Mendanha, a Área de Proteção Ambiental Estadual do Gericinó-Mendanha, o Parque
Natural Municipal da Serra do Mendanha, o Parque Natural Municipal de Nova
Iguaçu e Parque Natural Municipal de Mesquita.
A região passou a ser conhecidas pelos
primeiros colonizadores a partir de 1603, no início do século XVII, quando cultivaram
canaviais, abrindo caminhos de acessos, e construíram seus engenhos de açúcar
que eram o motor da economia da época, provavelmente ocupando as baixadas
circundantes. Nos séculos XVIII e XIX,
foi a vez da expansão do café e a sua contribuição para a economia
nacional. É dentro desse período
histórico que então a área então rural, passou a sofrer urbanização e para esse
processo, contribuíram a construção do ramal Santa Cruz da Estrada de Ferro
Central do Brasil, em 1890, que chegava à Bangu. Em 1893, ocorreu também a
instalação da Fábrica de Tecidos de Bangu, que comprou três fazendas grandes
para construir vilas para seus quadros técnicos e vilas operárias, iniciativas
que consolidaram a ocupação do bairro.
A fábrica construiu um reservatório na Serra da
Mendanha, juntamente com um aqueduto. O reservatório tornou-se ponto de
referência na região e passou a ser chamado de "Caixinha" em
referência à "caixa d´agua". O local onde situa-se o reservatório
possui muitas belezas naturais e era utilizado como área de lazer campestre dos
dirigentes da fábrica.
No século XIX, a Zona Oeste se transformou numa
vasta zona de agricultura de sustento, parte para abastecimento da cidade e
parte para o consumo familiar. As antigas fazendas começavam a mudar para pequenos sítios e chácaras.
No início do século XX, os bairros de Bangu e
Campo Grande, bem como o município de Nova Iguaçu receberam grande incremento
demográfico, promovendo uma pressão urbana acelerada sobre os contrafortes do
Gericinó-Mendanha. Além via ferroviária
já existente, contribuíram para o aumento da população, a construção da antiga
Estrada Rio-São Paulo, em 1930, e abertura da avenida Brasil, em 1946. Em
decorrência da maior facilidade de acesso, essas intervenções atraíram muitos
moradores, devido ao baixo custo da habitação, aliada à especulação imobiliária,
assim como pela implantação de conjuntos habitacionais pelos poderes públicos,
tanto em nível federal, estadual e municipal.
No território da APA do Gericinó-Mendanha, são
identificados vários tipos de uso e ocupação do solo como áreas de mata com
visitação, sítios agrícolas, áreas de plantação de bananeiras, sítios de lazer,
áreas de reflorestamento, áreas de pedreiras, áreas de expansão urbana de média
e renda baixa e áreas de mata sem visitação.
A pequena lavoura no Maciço do
Gericinó-Mendanha é uma atividade clássica, praticada pelos caboclos e por
portugueses, que marcou e marca até hoje a sua ocupação, acentuando uma fase na
economia rural do Maciço que se assemelhava a do interior.
As facilidades de escoamento pelas primeiras
estradas de rodagem, ajudaram a maior propagação da cultura da banana.
Atualmente, os bananais recobrem considerável proporção das áreas das encostas,
principalmente na Serra do Quitungo e na Serra do Mendanha, que constituem uma
imagem característica da economia rural
carioca. Formando uma importante base econômica para a maior parte dos
sitiantes da montanha, mas caracteriza um problema ambiental devido a retirada
da mata primária e a exposição do solo à erosão. Um outro produto destinado à venda é o
chuchu, cuja ocupação é predominante na baixada, teve sua importância
assinalada por volta de 1930.
O uso atual do solo, no Maciço do
Gericinó-Mendanha e áreas circunvizinhas está relacionado ao alto índice de
moradores em assentamentos de baixa renda, nos loteamentos irregulares,
favelas, invasões e conjuntos habitacionais, se destacando a falta de
infra-estrutura. A ocupação desordenada acarreta desmatamento nas encostas,
acentuando a erosão; cria problemas em relação a amenização de temperaturas;
assoreamentos dos rios, invasões nas áreas agrícolas, agravado com problema de infraestrutura.
Nas áreas junto aos maciços da Pedra Branca e
do Mendanha e junto à Serra de Inhoaíba, predominam alguns sítios e chácaras,
onde o uso residencial ocorre simultaneamente com a atividades hortigranjeiras
ou com extensos terrenos explorados, como pastagens para rebanhos bovinos sem
expressão econômica. São áreas abertas, com edificações esparsas, implantadas
na paisagem natural, modificadas apenas pelo cultivo da banana.
Alguns
moradores das serras estão fixados em terras públicas, nas chamadas “florestas
protetoras” que existem nas partes altas dos maciços e guardam os inúmeros
mananciais que alimentam represas fornecedoras de água para os moradores da
área urbana. Esses são “posseiros”, sendo numerosos nos vales do Mendanha.
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